01 Fev Parque Verde do Louriçal
POTENCIAIS DA INTERVENÇÃO
A oportunidade de construção do Parque Verde do Louriçal resulta da verificação de uma efetiva necessidade ao nível da utilização do espaço público coletivo na envolvente de um dos mais significativos elementos patrimoniais da vila, o Aqueduto.
O principal objetivo com o projeto de execução do Parque Verde é cumprir com uma solução com ponto focal à população residente, nomeadamente no que diz respeito ao uso do espaço público e dos espaços planeados especificamente para zonas de lazer e de atividades ao ar livre, promovendo um vazio urbano a espaço fundamental da vida e estrutura urbanas.
Não obstante, além de possibilitar intervir numa área com ligação direta ao Centro Histórico, este projeto visa uma operação de teor urbanístico extensível à organização interna da malha urbana e da articulação das várias componentes que a conformam.
A sua localização, intermédia ao Centro Histórico e à zona de expansão urbana do Louriçal, estreitamente associada a um dos elementos patrimoniais e turísticos da localidade, pode vir a conferir-lhe a função de peça de fecho que relaciona estruturalmente as duas zonas urbanizadas do Louriçal.
Acresce a isto, a potencialidade de ser simultaneamente planeado como uma área de promoção e de proteção adicional à estrutura do Aqueduto, a qual recentemente beneficiou de obras de arranjos exteriores.
Tudo isto contribui para que esta intervenção acabe de forma espontânea a agir na reorganização dos acessos aos edifícios e infraestruturas patrimoniais, de interesse turístico, de serviços e de comércios que se localizam no espaço consolidado da envolvente, admitindo assim uma aposta na qualidade ambiental, paisagística e urbana com a qual se pretende favorecer todo este espaço.
Cabe sublinhar que a intervenção do Parque Verde do Louriçal é uma proposta de elevado interesse público e urbanístico, que se pretende integrada, e sobretudo integradora, do espaço consolidado. Prevista no essencial para o usufruto dos residentes e visitantes da localidade como uma área ao ar livre que os relaciona com o lugar que habitam ou visitam. É então fundamental que a proposta seja planeada como uma base flexível ao desenvolvimento de uma polivalência de programas funcionais e de circulação, aptas para o uso das várias faixas etárias da população e ajustada às necessidades características do espaço envolvente.
ÁREA DE INTERVENÇÃO
A área de intervenção corresponde a uma área de aproximadamente 5500m2, atravessada pelo Aqueduto. É composta por duas parcelas de terreno de propriedade municipal. A parcela localizada a poente do Aqueduto contabiliza cerca de 1385 m2, e a parcela a nascente, 4089 m2.
Confina a norte com a estrutura do Aqueduto e duas parcelas de propriedade privada, a cota superior, uma de terreno vacante e outra onde se localiza uma oficina de reparações automóveis. Confina a nordeste com um terreno, à mesma cota, em pousio e com alguma plantação de olival, e ainda algumas edificações com carácter de arrumos e/ou anexos de habitações. A vertente sul encontra-se limitada por muro confinante à rua do Castelo.
Na vertente poente, junto ao limite sul, a parcela confina com um prédio de dois andares, aparentemente devoluto, de construção inacabada, e com patologias próprias de degradação física da estrutura. A restante vertente confina com um terreno vacante, que na estrema contém uma linha de árvores de porte médio.
O terreno da área de intervenção apresenta-se praticamente plano, desbastado, contabilizando algumas oliveiras de pequeno porte, e no qual, apesar de apenas percetível pela presença do Aqueduto, o elemento água constitui uma mais-valia.
Relativamente ao Aqueduto, trata-se de uma estrutura de construção setecentista, mandada executar por intermédio da ação de D. João V como forma de reforçar o abastecimento de água ao Convento do Santíssimo Sacramento.
De alvenaria de pedra calcária, com 35 arcos de volta perfeita estabilizados por ação de aduelas de tijolo, conta com um troço de cerca de 350 metros, fundeado ao solo por pegões quadrangulares, que termina no intramuros do Convento.
Recentemente foi intervencionado para obras de reabilitação da estrutura. Projeto que contou com o arranjo exterior da zona de acesso feito pela N342, e a execução de dois corredores que acompanham a totalidade do troço até à interseção com a rua do Castelo.
Encontra-se por resolver o fecho da estrutura, e corredores correspondentes ao Aqueduto, na citada rua do Castelo. Ainda, importa referir que no muro que se encontra localizado na vertente virada a sul da área de intervenção, no topo nascente, encontra-se parte de uma ruína de uma antiga construção, em alvenaria de pedra, sendo perfeitamente possível identificar o vão. Ao momento desconhece-se a proveniência e a data de construção exata, e que valências pode vir a ter ou não para o projeto do Parque Verde.
Nunca é demais destacar que a carga patrimonial do Louriçal constitui uma das especificidades urbanas mais características do lugar, mantendo uma relação muito estrita com a identidade cultural da população, em particular com as zonas do Centro Histórico onde se implantam os edifícios e elementos que compõem a história da freguesia.
OBJETIVOS
A solução para o Parque Verde do Louriçal deve obedecer, em primeira instância, ao objetivo principal do programa que se pretende executar: a criação de um espaço de acolhimento e reunião, com uma forte componente de área verde, de lazer e recreio, previsto para o usufruto da população residente, considerando as diversas faixas etárias.
Isto requer o planeamento detalhado de um modelo urbano de organização de espaço público que, além de ser uma infraestrutura essencial à proteção do Aqueduto, tem de ter em consideração premissas muito específicas que estão diretamente relacionadas com a valorização ambiental, paisagística e urbana da própria área de intervenção: continuidade ecológica.
De seguida listam-se alguns pontos que devem ser considerados ainda na fase de elaboração da solução:
– A presença do Aqueduto e das obras de requalificação/reabilitação promovidas previamente a esta proposta constituem elementos e infraestruturas para os quais não se prevê qualquer alteração ou intervenção direcionada, salvaguardando-se intervenções pontuais que possam surgir por forma a tornar a solução proposta e o existente mais consonante;
– A solução deve assumir a vertente de acolhimento, de circulação pedonal e de estar, prevendo-se preservar as qualidades naturais da paisagem, devendo optar-se por materiais e técnicas construtivas de menor impacto físico e que não obstruam as vistas do Aqueduto, do Centro Histórico – nomeadamente os monumentos que perfilam a silhueta urbana –, o Centro Escolar e também do futuro Centro Cultural.
– A intervenção deve pautar-se pela forte componente de área verde, prevendo a manutenção das espécies arbóreas presentes (oliveiras de médio porte). Deve equacionar-se a plantação de mais árvores, de forma a compor zonas de sombra. Admite-se ainda a plantação de outras espécies vegetais que venham a beneficiar a sustentabilidade ambiental em meio urbano e não comprometam a visibilidade do Aqueduto.
– No seguimento do ponto anterior, admite-se a construção de um edifício destinado à instalação de sanitários públicos e de um pequeno quiosque para serviços de informação turística complementar ao Posto de Turismo existente.
– Não se prevê a construção de equipamentos ou edificações de forte impacto físico, preferindo-se estruturas, técnica e materialmente, leves, de linhas simples e que não contrastem ou se sobreponham visualmente com a proporção paisagística do Parque Verde, do Aqueduto ou demais monumentos da envolvente;
– Prevê-se que as duas parcelas que compõem a área de intervenção tenham programas funcionais distintos, embora complementares. Neste sentido, a parcela a poente, de menor dimensão, prevê-se ser destinada para uso (não exclusivo) do CNE Agrupamento 1244 Louriçal, devendo ser planeada tendo em conta os usos/elementos seguintes:
– Área essencialmente verde, com a manutenção do parque arbóreo existente;
– Apoio para o desenvolvimento pedagógico e de metodologias escutistas;
– Possibilidade de acampamento;
– Definição de uma eira de reunião;
– Continuidade e articulação da área de circulação pedonal do Aqueduto e da rua do Castelo;
– Enquadramento paisagístico da fachada da habitação na vertente sul, com vista a rasurar ou diminuir o impacto sobre o Parque Verde (p.e. instalação de um corredor ou fachada arbórea, ou similares).
Relativamente à parcela localizada a nascente do Aqueduto, de maior dimensão, prevê-se ser destinada à maior concentração de equipamentos e infraestruturas relacionadas com as áreas de lazer e recreio previstas para integrar os programas funcionais do Parque Verde. Neste sentido, os pontos seguintes referem-se a pré-condições e opções previstas para a citada parcela:
– Considerando a proximidade do Aqueduto à área de intervenção e os programas a desenvolver, deve prever-se a criação de um corredor de proteção ao Aqueduto, possivelmente recorrendo a diferentes tipos de pavimento e/ou instalação de mobiliário urbano (iluminação, bancos corridos), que dignifique as relações visuais com o Aqueduto, crie uma zona de barreira que determine os pontos de acesso aos corredores (a cota inferior à área de intervenção) e articule os dois programas: espaço verde e espaço patrimonial.
– Acessibilidade do Parque Verde à rede de passeio pedonal da N342, enquadrada com o acesso existente efetuado pela escadaria junto ao Aqueduto, e que não venha a interferir demasiado com o terreno na vertente nascente.
– No seguimento do ponto anterior deve ser prevista uma circulação pedonal de reduzido impacto paisagístico-ambiental, que ligue o Convento, o Aqueduto/Parque Verde, a mina e Mãe-de-água do Aqueduto/ antiga-EPAC, a Casa do CNE Agrupamento 1244 Louriçal e a mata próxima ao Centro Escolar.
– A solução deve reservar um espaço diferenciado, por recurso à modelação do terreno, com vista a criar um conjunto de diferentes montículos posteriormente revestidos por pavimentos adequados, ou instalação de elementos, específicos para práticas desportivas de bicicleta, trotinetes, skates, patins e outros similares;
– Sinalização/Identificação das rotas de circuitos de manutenção e trilhos pedestres existentes (Percurso Dois Temperos/Rota das Azenhas) e daquele proposto, podendo constituir-se como ponto de partida/chegada, admitindo-se a possibilidade de instalar, para o efeito, um ou dois equipamentos de manutenção;
– Continuidade e articulação da área de circulação pedonal do Aqueduto e da rua do Castelo;
– Criação de uma bolsa de estacionamento na vertente sul da parcela, junto à rua do Castelo, prevendo-se a rearticulação das componentes de estacionamento com as áreas de circulação pedonal e as áreas de circulação viária e acesso aos edifícios confinantes. Neste ponto deve ter-se em consideração a eliminação de eventuais barreiras arquitetónicas no plano da mobilidade e acessibilidade;
– Definição de área de estacionamento para velocípedes, incluindo mobiliário urbano próprio para o efeito.