25 Jan Em Auscultação Publica
POTENCIAIS DA INTERVENÇÃO
A oportunidade de ampliação do Parque de Lazer do Vale da Sobreira, localizado na rua do Lagar, Vale da Sobreira, Mata Mourisca (União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca), resulta da verificação de um conjunto efetivo de necessidades e de desajustes ao nível da utilização do espaço público e dos equipamentos desportivos existentes.
Desajustes que têm concorrido sobretudo para uma funcionalidade deficitária da piscina exterior instalada na envolvente do ribeiro de pequeno caudal que atravessa a área onde se distribuem os diferentes espaços que conformam o Parque.
Neste sentido, o principal objetivo com o projeto de execução para a ampliação do Parque é reestruturar a área e os seus equipamentos e infraestruturas com vista a readequá-lo à população que serve. Esta intervenção concorre assim para a promoção ou, em bom rigor, re-promoção, do Parque enquanto espaço de lazer e de atividades desportivas ao ar livre fundamental à vida e estruturas urbanas locais, bem como um ponto focal concelhio para a prática do turismo de natureza.
Localizado muito próximo à localidade de Vale de Sobreira, com uma a paisagem envolvente maioritariamente composta por terrenos de exploração florestal e de cultivo, incluindo uma estufa hortícola implantada nas imediações, e plenamente servido por acessos viários e pedonais e redes infraestruturais, o Parque de Lazer de Vale da Sobreira tem valências particulares até ao momento pouco exploradas. Por um lado, o ribeiro, cuja articulação com as restantes componentes do Parque praticamente resulta em assumi-lo como um elemento de distinção de áreas. Por outro lado, a envolvente florestal que não apresenta qualquer ponto de interdependência com o Parque.
A intervenção que agora se propõe executar, vem então também possibilitar repensar estas inconsistências e subaproveitamentos de áreas e elementos, a fim de pensá-los e prepará-los como áreas de expansão programática complementares àquela do Parque. Espera-se conseguir fundamentar o ajuste do espaço já consolidado às características do que o envolve e às pessoas a quem se destina, readmitindo a relevância do Parque e o restabelecimento das várias.
ÁREA DE INTERVENÇÃO
A área de intervenção corresponde a uma área de aproximadamente 12 850m2, equivalente à soma da área do Parque existente (9 000m2) e a área prevista para a sua expansão (3 850m2).
Confina a norte e a poente com a linha hidrográfica e terrenos vacantes de anterior uso florestal; a sul com o arruamento de acesso a Vale da Sobreira (rua do Lagar) e o arruamento de acesso complementar a Porto Lameiro; a nascente com terrenos de cultivo (vinha) e plantação de árvores em terras de cultivo (choupos e pinheiros).
Atravessa-a o eixo de acesso entre Vale da Sobreira e Mata Mourisca: a rua do Lagar.
Sendo maioritariamente uma área de topografia plana, apresenta uma zona de declive junto ao espaço do parque de merendas e piscina, contando de seguida com as vertentes acentuadas das margens do ribeiro.
Relevante para a utilidade funcional do Parque é o sistema de vegetação biodiverso e autóctone que acede extensas áreas de sombra, sobretudo pela presença de um maciço de choupos. Mas também o elemento água presente no curso do ribeiro, na bacia de retenção acomodada naturalmente a noroeste do Parque e nas valas e charcas que complementam a rede. Enquanto sistemas ecológicos contribuem sobremaneira para o conforto climático e para a subsistência de diversos ecossistemas, dotando a paisagem de uma natureza quase selvagem, resiliente aos programas de lazer e desportivos que se realizam ao redor.
Todas estas características, tão próprias do lugar, promovem a complexidade da matriz onde se implanta o Parque. Complexidade que deve significar, primeiro, a leitura das suas componentes, uma a uma e depois em coordenação; em segundo, a oportunidade de explorar o Parque nas suas múltiplas valências, restabelecendo um diálogo estruturado entre anteriores e novos elementos e programas funcionais.
A abordagem à área de intervenção deverá então ser alicerçada num projeto multifuncional, com soluções adequadas a cada ponto já estrutural do Parque de Lazer:
– Espaço verde de utilização pública sustentável;
– Espaço de acolhimento de diversas atividades de lazer e de recreio (piqueniques, convívio, reuniões, parque infantil)
– Espaço de práticas desportivas (piscina, campo de jogos)
– Articulação dos circuitos pedonais
– Estrutura verde arbórea
– Infraestrutura hídrica
– Estruturas edificadas pré-existentes (Antigo Lagar de Azeite)
– Mobiliário e equipamentos
– Bolsa de estacionamento
– Acessos rodoviários e pedonais
– Paisagem envolvente
OBJETIVOS
O Parque de Lazer de Vale da Sobreira enquanto integrante da rede de parques de lazer e de recreio instalada, de forma descontínua, mas estruturada, na dimensão territorial do Município, constituiu-se um ponto fundamental para o desenvolvimento da malha urbana de Vale da Sobreira e da própria União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca.
Em boa verdade, e comparativamente a outros parques, a presença da piscina pública descoberta e dos respetivos equipamentos de apoio confere-lhe uma outra atratividade.
No entanto, a fórmula tempo-uso, tem vindo a evidenciar algumas desconformidades entre os equipamentos e a paisagem natural envolvente, o que torna o quadro programático do parque desajustado aos objetivos que devia corresponder.
É com vista à correção destas desconformidades e proposta mais ajustada às necessidades dos utilizadores, que surge o presente projeto de execução.
No fundo trata-se de um projeto de reestruturação que tem, necessariamente, de ser assente num planeamento minucioso às dinâmicas particulares de cada área do Parque, bem como prever a integração coerente das componentes existentes e das componentes que se propõe adequar e/ou novas, tendo sempre presente que a solução deve obedecer, em primeira instância, ao objetivo principal do programa que se pretende executar: a criação de um espaço público com uma forte componente de área verde, de lazer e recreio, e uma relação muito estreita com o elemento água. Todos estes programas/elementos devem ser previstos para o usufruto da população residente, e também visitante, considerando as diversas faixas etárias.
Isto requer o planeamento detalhado de um modelo urbano de organização de espaço público que tem de ter em consideração premissas muito específicas de continuidade ecológica e construtiva, diretamente relacionadas com a valorização ambiental, paisagística e urbana da própria área de intervenção.
ENTIDADE PROJETISTA
OM Atelier, Humberto Pereira Arquiteto